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A vida de Sundays

A vida de Sundays

Coisas que eu oiço... #3

Bonito, bonito é sairmos de casa de manhã cedinho, assim meio despreocupadas, desgrenhadas e com a primeira coisa que veio à mão enfiada no corpinho porque ah e tal, vamos só ali ao dentista e voltamos já para casa. Mais bonito ainda é, tendo este magnífico cenário por base, chegarmos à consulta e o enfermeiro auxiliar ser um rapazinho bem parecido (uma pessoa já nem ao dentista pode ir descontraída!) que nos vai limpando a boca suavemente com um papel, à medida que a dentista vai fazendo o seu trabalho e que no fim, depois de bochecharmos ainda nos diz, assim como se fosse a coisa mais natural do mundo: "limpa melhor os cantos da boca para tirares a pasta". "Err, obrigada".

Coisas que eu oiço...

"O governo manda os jovens emigrar porque isso é uma fonte de rendimento para Portugal"

 

AHAHAHAH, esta acabou de ganhar o título de piada do mês. Ora então, eu, recém-licenciada, desempregada a finalizar o mestrado, se me decidir a ir para fora é, definitivamente, para enviar dinheiro à minha família que está a viver em Portugal e que, eu, a muito custo, sustento. Está então justificado o conselho do nosso estimado Primeiro-Ministro.

Não, amigos. Errado. Se por acaso algum dia optar ir para fora, é porque não tenho outra solução do que ir construir o meu futuro num lugar que me permita fazê-lo de forma mais digna. Um lugar onde possa optar por um emprego que me faça jus. Um lugar que apoie a família. Um lugar onde ainda permitam a existência e desenvolvimento da cultura. Um lugar com alma. Um lugar que me dê esperança. Não digo que mais tarde não poderia volta ao país que me viu crescer. Mas o objectivo de um emigrante hoje em dia não é sair, assim num lusco fusco de 2/3 anos em que consiga fazer o máximo de dinheiro possível para poder proporcionar à sua família uma vida digna. Os jovens emigrantes de hoje partem em busca de um futuro mais sorridente, são desprendidos, não deixam muito para trás. Tenho dezenas de amigos e conhecidos na casa dos 20 anos que partiram para o Reino Unido, França, Irlanda e por aí fora, que decididamente não sairam com o objectivo principal de ajudar a família, mas sim a si próprios. Sejamos realistas, não queiramos justificar o injustificável.