E quando se torna cruel conviver com os nossos amores por ser duro o confronto daquilo em que se tornaram com aquilo que idealizámos? Sempre esperei que entendessem aquilo que o silêncio não me deixa dizer. O silêncio é um peso demasiado forte e nunca me deu tréguas. As palavras nunca saem, os actos não acontecem. Deambular pela vida esperando que ela se recomponha sozinha, que encontre o equilíbrio na paz que está para vir. Que a borboleta encontre o seu destino, que as pedras da calçadas se alinhem e recomponham e as árvores aprendam a florescer no inverno. Mas colocar o destino da vida nas mãos do próprio destino é desistir do sentido da vida. E as palavras e os actos que nunca existiram haviam de ter feito tanta diferença no momento certo... O momento certo. Sabê-lo é o mais díficil. E o mais duro. Pode ser a epígrafe de uma nova história ou o início do fim, o virar da página. Mas é preciso sabê-lo, descobri-lo.
Tempo de pedir desculpas por dentro por tudo aquilo que não conseguimos ser por fora. Limpar a alma. Começar de novo. Procurar os momentos certos da vida. Persegui-los. Até que a alma doado cansaço. Mas nada ficará por dizer, por fazer.
(num registo muito diferente do habitual, às vezes preciso de escrever o que sinto da forma mais livre. Na hora, sem pensar muito. É a minha escrita mais frenética que decido, agora, começar também a partilhar)
Não sei se é só de mim, mas o meu cabelo não me obedece. Simplesmente, faz o que quer da sua vidinha, eu funciono como um mero hospedeiro dele, que é um grandessíssimo parasita de mim! Eu até sou uma pessoa que gosta de ter o cabelo comprido, muito mais do que curto, gosto dos jeitos só dele a cair nos ombros, acho que alonga o rosto e a silhueta. Ou seja, cabelo comprido só traz vantagens! Mas o meu é tão pesado e volumoso que chega ali a uma fase e já não dá: eu bem tento, puxo por ele, atiro-lhe com máscaras mas o coitadinho morre de vez - fica seco, demasiado escorrido, sem vida. Enfim, um desastre. Sendo assim, e depois de ouvir tantas vozes díspares sobre a Jean Louis David ("ai que me fizeram esperar duas horas", "ui que foram tão atenciosos comigo", "txi que pedi para pintar o cabelo de azul e pintaram de amarelo"), decidi experimentar. Vá, claro que não foi só por isso, também estava um bocadinho cansada do corte sem graça que fazia sempre no cabeleireiro aqui da zona.
Opinião? Nada a apontar. No atendimento foram mesmo, mas mesmo, top. Concedo-lhes as minhas estrelinhas michelin! Muita simpatia e atenção aos pormenores desde prontamente me pedirem o casaco para pendurar ou oferecerem-me uma revista enquanto era feito o brushing. Nota-se que há regras e que estes procedimentos fazem parte de um processo sempre semelhante e muito profissional. Por outro lado, há direito a uma mini-sessão inicial de diagnóstico em que auscultam as nossas preferências, os cuidados capilares que costumamos ter e aquilo que queremos efectivamente fazer. E não, não fiquei horas à espera. Esperei 5 minutos e não tinha marcação.
O corte? Não fiquei boquiaberta com o resultado final, acabei por fazer um corte semelhante ao habitual e nada revolucionário, como pretendia. Mas o problema também é meu, nunca me sei explicar muito bem ou se calhar não sei mesmo o que quero fazer ao cabelo... É, é capaz de ser mais isso. Enfim, a senhora que me atendeu foi muito prestável e fez-me um corte eficiente. Cortou, desbastou, tirou comprimento e ainda me deu alguns conselhos. Voltei para casa com menos 1 kg de cabelo e satisfeita!
Obviamente que é preciso ter em conta que os salões Jean Louis David funcionam como franchising e, portanto, é preciso sorte no salão, no dia e no profissional que trata de nós. Eu fui ao do Colombo e garanto-vos que lá são bem atendidas. Ou isso, ou tive muita sorte!
Eu: Mas não vês coisas bonitas no mundo que gostasses de fotografar e partilhar?
Ele: A única coisa linda que vejo no mundo não a quero partilhar com mais ninguém.
Fiquei a olhar para ele (e acho que de boca aberta) por uma fracção de segundos. "Oi? Acabaste mesmo de dizer aquilo que eu estou a pensar?", pensei para mim. Depois assimilei e fiquei de coração cheio, assim a tentar absorver todos os pedacinhos de ar, som, cheiro e toda a matéria orgânica daquele momento que o pudesse imortalizar para sempre. Mas porquê? Pois. O meu namorado é a melhor pessoa do mundo, a mais disponível para ajudar, a mais educada, a mais amiga, mas tem assim uma pequena dificuldadezinha que me dá cabo dos nervos: é difícil sacar-lhe um sentimento. É coisa que acontece assim, uma vez a cada três meses. Sei, por conhecimento de experiência alheia à minha, que não estou sozinha nesta cruzada, é mal comum à espécie. Mas pronto, uma mulher gosta sempre de ouvir palavras que lhe aqueçam o coração e estes pequenos calhaus chamados homens têm a sensibilidade de um homem das cavernas, pouco evoluiram nesse sentido, e requerem uma intensiva domesticação. O meu já está a aprender, devagarinho vamos lá!
Pequenas coisas boas que fazem o meu dia. Oxalá fossem todos assim!
1. Dias solarengos e com temperaturas a rondar os 20º graus. Ninguém - repito, ninguém - consegue imaginar o poder que isto tem no meu estado de espírito!
2. Motivações divinas para sair da cama de manhã e ir estudar all day long. Repor horários, chegar a esta hora do dia e sentir aquele cansaço saudável.
3. Spots de estudo maravilhosos, iluminados, com paisagens inspiradoras e com prateleiras e prateleiras de livros por explorar!
4. Sucessos profissionais do rapaz do meu coração. Well done, boy!
Eu disse que eram pequenas coisas, mas para um só dia enche-me o coração e as medidas!
Entre prioridades familiares, falta de tempo e pouca inspiração, tenho andado ausente aqui do sítio... Isto não é tão fácil como parece, é bom ter um estaminé onde a partilha é livre e sem tabus (ninguém que me conheça sabe do blog, pelo menos que me tenha apercebido - e esperemos que assim se mantenha - por isso a história da escrita livre e sem tabus é para valer!), mas comecei nisto para poder falar do que me apetece da forma que mais me é próxima: escrevendo! Posto isto, não me vou "auto-obrigar" a publicar diariamente. Há dias em que sinto a cabeça a fervilhar de ideias, há outros em que toda eu sou birra e prefiro, simplesmente, guardar para mim o que me vem à cabeça. Depois há motivações extra, como esta: fui recortada! Tive direito a um destaque no blog do Sapo, yeah bitcheeees! Vale o que vale, mas o reconhecimento deixa-me muito feliz. Toda eu sou sorrisos e palminhas! E, entretanto, este cantinho comemora hoje o primeiro mês de existência. Bora lá então continuar a brincar com as palavras!
Se há coisa que me apraz e podia fazer para o resto da vida desde que acompanhada por um grande e bem servido balde de pipocas vitalício (já imagino, pipocas a rebentar no fundo do balde a toda a hora e para sempre, que sonho!) é ir ao cinema. Ou, simplesmente, ver cinema. Sou uma voyerista, adoro conhecer histórias, deixar-me envolver por elas, ficar grudada ao ecrã na expectativa da próxima revelação, da próxima lágrima, grito ou gargalhada. Gosto especialmente de me identificar com aquilo que vejo, entrar temporariamente noutra realidade (não que a minha não seja interessante, uiiii, que belo filme se tirava daqui).
Posto isto, esta época pré-óscares é uma animação e faço pequenas maratonas de visualizações daqueles que serão os melhores filmes do ano. Infelizmente a malandra da tese ainda não me deixou ver todos. Assim dos grandes, faltam-me o Capitão Phillips e o Nebraska, tudo o resto já papei: Lobos de Wall Street, Hers, Clubes de Dallas, tudo tudo tudo! E assim de repente, sem ligar muito para as categorias e atendendo apenas àquilo que me surpreendeu e que ganhou um lugarzinho cativo no meu coração, destaco o seguinte:
O gigante Leonardo DiCaprio. Não há outra forma de o dizer, GIGANTE. A minha relação com o Leozinho não tem sido muito constante. Há uns aninhos, andava tudo a babar pelo rapaz e eu achava-o, apenas e só, chato. Havia ali qualquer coisa que não batia certo. Tornava-se chato de tão perfeitinho, tão loirinho, tão carinha de bebé, o homem não tinha charme nenhum! Mesmo as actuações, eram só competentes. Mas agora, agora a conversa é outra. *suspiro* Na pele do lobo de Wall Street transcende totalmente tudo o que já fez e prova que é um monstro do cinema. Dêem um Óscar ao homem! Apenas um parentesis para dizer que: sim, eu também gostei muito da actuação do Matthew Mcconaughey em O Clube de Dallas, sim está genial e sim, tenho perfeita noção que o homem perdeu 20kgs (tens de me ensinar Matthew querido!). E não, não consigo optar pelo Leo ou pelo Matthew e escolher entre estes a melhor actuação. Simplesmente acho que o Leo já tem mais provas dadas no cinema e, por isso, troço por ele. Ficarei igualmente feliz se ganhar o Matthew e até tenho um feeling que é o que vai acontecer.
O melhor actor secundário só pode ter um nome: Jared Leto. O que é que ele ainda anda a fazer no mundo da música? Desempenha o papel de transexual em O Clube de Dallas com um realismo ao ponto de uma pessoa ficar com vontade de o abraçar e fazer dele a nossa melhor amiga! Uma personagem maravilhosa.
O filme Her. Bom, admito que não seja o melhor filme de 2013, há outros com maior complexidade, com outros elementos enriquecedores - como o 12 Anos Escravo, O Lobo de Wall Street ou o Clube de Dallas - mas este é o meufilme de 2013. Pela simples razão de que foi o único que me conseguiu sensibilizar para uma coisa que me diz muito: as relações. Her é sobre o fim do amor como o conhecemos hoje e a metáfora perfeita da sociedade tecnológica que temos à nossa frente. É sobre deixar para trás as cartas de amor, o dedicar tempo a uma relação e o extrair felicidade das coisas mais simples, substituindo-as por máquinas. Mas, inevitavelmente, a vida torna-se extremamente solitária. Para mim, Her quer ser o alerta de que a essência do amor não deve ser perdida e, no final de contas, retornamos sempre ao ponto de partida. O Joaquín Phoenix está sublime no papel do tímido e incompreendido protagonista.
Ainda em Her, a banda sonora, constítuida em parte por uma playlist dos Arcade Fire. Nunca me tinha apaixonado tanto por uma banda sonora exclusivamente instrumental. Oiçam aqui e tirem as vossas conclusões.
A cena da paralisia cerebral em O Lobo de Wall Street. Pois, cá está o Leo outra vez. Sobre isto só tenho a dizer que é de chorar a rir. Por algum motivo, a plateia que estava na mesma sala de cinema que eu não achou a mesma piada que eu. Não sei se o problema é de mim, que estava demasiadamente sensível à ideia de ver o Leo a rebolar-se pelo chão, mas a verdade é que tive de conter gargalhadas mais sonoras e prolongadas sob o risco de me mandarem calar. De qualquer forma, a sequência, para a qual também contribui Jonah Hill, já mora no meu coração.
O corpinho da Amy Adams. Não é que a namoradinha de Hollywood, inocente de olhos verdes afinal também sabe ser boazuda? Confesso que nunca fui muito adepta das suas interpretações, sempre me pareceu sonsinha, sem pitada de sal. Mas neste Golpada Americana é uma verdadeira lufada de ar fresco. De resto, é capaz de ser a única coisa que se aproveita verdadeiramente do filme, aborrecido que só ele.
Menção honrosa para o 12 Anos Escravo, na minha opinião o mais forte candidato ao Óscar de Melhor Filme. Uma história muito forte sobre um homem normal que foi feito escravo. É duro pensar que foi baseado numa história verídica e triste saber que ainda hoje existem casos de escravidão, no fim de contas, ainda somos muito pouco humanos.
E agora é esperar pela madrugada de segunda-feira e pela outra metade igualmente interessantíssima: a red carpet!
O carnaval é uma espécie de guerra fria: uma pessoa sai à rua, sabe que está tudo bem mas tem sempre aquele pânico interior na certeza de que, a qualquer momento, vai levar com uma bomba em cima. Hoje tive de ir à faculdade e tive o azar de sair de casa à hora a que os putos saem da escola. Saio do prédio. Sente-se a tensão no ar. Olho à minha volta, não há sinais de perigo, é seguro avançar. Além dos vários miúdos que por ali andavam àquela hora, estavam junto à paragem do autocarro dois rapazes, cada um com o respectivo balãozinho de água. Cruzámos olhares. Mantive a postura. Não dei parte fraca. Entrei para debaixo do cubiculozinho da paragem. Eles ficaram do outro lado, fora da paragem, atrás do placar publicitário. Espreitaram uma vez. Espreitaram outra. "Pronto, já foste, vais ficar encharcada e vais ter de voltar a casa trocar de roupa". Alternativas? "Faço-me de forte e mando um 'ouve lá, não tenho a tua idade!' ou faço cara de carneirinho inocente?". Fiz cara de carneirinho inocente. O carneirinho mais inocente da Terra. Resultou. O autocarro chegou e sai ilesa.